sábado, 29 de dezembro de 2012

1999- America se nega a jogar seletivas do carioca e é proibido de jogar o brasileiro de 1999

AMERICA SE NEGA A JOGAR AS SELETIVAS PARA O CAMPEONATO CARIOCA DE 1999 E A CBF PROÍBE CLUBE DE DISPUTAR O CAMPEONATO BRASILEIRO

- AMERICA: UM TIME PROIBIDO DE JOGAR FUTEBOL
O America do Rio não aceitou disputar a seletiva para o Estadual e foi proibido de participar do Brasileiro da Série C. Foram nove meses só treinando.
O Brasil teve um time de futebol que só perdia: o Ibis, em Pernambuco. Um outro que surgiu em Amapá, da comunidade religiosa da Igreja Nossa Senhora da Conceição, o Oratório. Ou ainda o Quixadá, no Ceará, que já trocou por quatro vezes o nome do estádio. Agora, um clube do Rio consegue a proeza de ter uma equipe profissional que não joga, só treina. O America Football Club, assim fundado em 18 de setembro de 1904, está há nove meses parado, esperando uma partida para inaugurar o novo estádio, em Nova Iguaçu.
"O clima, às vezes, é o pior possível. Os jogadores são profissionais que dependem dos resultados em campo para ter o seu valor reconhecido, receber prêmios", conta Seraphim Baptista, de 65 anos, presidente de um clube que conquistou sete títulos do Campeonato Carioca (1913/16/22/28/31/35 e 60), uma Taça Guanabara (74), uma Taça Rio (82) e um nacional, o Torneio dos Campeões (82). O maior artilheiro foi Edu, irmão de Zico. Marcou 211 gols entre 1965 e 1974.
O tormento do America começou no início do ano, quando não aceitou disputar um torneio seletivo para o Campeonato Carioca, e prosseguiu no segundo semestre, quando a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) impediu a sua participação no Campeonato Brasileiro da Série C.
"O Conselho Arbitral havia aprovado a participação de 12 clubes no Campeonato Carioca”, relembra Baptista. “Pouco depois, a Federação mudou as regras e forçou a realização de uma seletiva, com dois clubes da capital, o America e o Olaria, e quatro do interior. Mas Bangu, Friburguense e Americano, sabe-se lá o motivo, ficaram fora da seletiva, que classificaria dois times – um da capital e outro do interior. Se o Olaria fosse o último entre os seis e o America o penúltimo, este estaria classificado."
O America não participou e recorreu à Justiça Desportiva. A atitude foi considerada intempestiva. “O jeito foi ir à Justiça Comum”, diz Baptista. E o que aconteceu? “Até agora não saiu a decisão.” Mas o clube ainda esperava participar da Série C.
JB de 04/02/99
"Os dirigentes do America estão mesmo dispostos a ir às últimas conseqüências para entrar direto na fase final do Campeonato Estadual, sem disputar o seletivo. O time já perdeu o primeiro jogo, domingo passado, por WO - não foi a Volta Redonda - e para mostrar seu inconformismo, os dirigentes abandonaram a reunião do último Arbitral da Federação, indignados com o fato de não terem sido notificados da cassação da liminar que tinham conseguido para suspender a seletiva. O presidente do America, Seraphim Baptista, pondera que o clube tem sete títulos estaduais, conseguiu 11 vices, conquistou uma Taça Guanabara e duas vezes a Taça Rio. E teria o apoio do próprio presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro, Eduardo Viana, favorável a um Campeonato Estadual com 12 clubes. No entanto, por exigência da televisão, a competição terá apenas 10 equipes." JB
As contas
A recusa foi “um duro golpe” para o America. A CBF alegou que não poderia convidar a equipe por não ter participado de nenhum torneio. Baptista não vai apelar para a Justiça Comum no caso da Série C, menos ainda para a Desportiva. “Seria preciso muita influência, o que não temos. Não podemos fazer nada.”
Para manter os 25 jogadores, entre os quais se destaca o goleiro Zé Carlos (ex-Flamengo), e a comissão técnica sob o comando de Ernesto Paulo, o America gasta R$ 40 mil por mês. E os contratos terminam em dezembro. “Até lá temos um grande desafio de colocar este time para jogar, arrumar torneios, amistosos. Estamos tentando de tudo, até excursão para o exterior.”
Os prejuízos aumentam quando Baptista apresenta outras contas. “Com as rendas dos jogos em Nova Iguaçu poderíamos arrecadar por mês R$ 50 mil. Uma tevê a cabo, que iria mostrar as partidas nas manhãs de domingo, propôs pagar mais R$ 20 mil por jogo e estávamos negociando um patrocínio no valor de R$ 1 milhão. Perdemos tudo.”
A SUPOSTA PERSEGUIÇÃO DO CAIXA D´ÁGUA AO AMERICA
O EFEITO COUTINHO
A versão oficial, no Rio, é a de que o America sempre será prejudicado enquanto Eduardo ‘Caixa D’Água’ Vianna for o presidente da Federação Carioca. O dirigente tem aversão a Giulite Coutinho, ex- presidente da CBF e presidente de honra do America – o primeiro teria sido o Barão do Rio Branco. “Eu não acredito que isto seja motivo. Não acredito que Eduardo Vianna possa transformar uma briguinha política em perseguição.”
Baptista não acredita, mas o nome de Giulite Coutinho contribui também para provocar outro recente problema para o clube. Seu nome foi o escolhido para o novo estádio do America, que será inaugurado dia 19, um dia depois da comemoração dos 95 anos de fundação do clube.
Mas um sócio ganhou uma liminar na Justiça, sob alegação de que “pessoas vivas não podem ter seus nomes dados a logradouros públicos”. Enquanto a situação não se resolve, a torcida adotou um apelido: Vermelhão, numa alusão à cor usada nas torres de iluminação. O adversário para a primeira partida do ano do America ainda não foi definido: “Estamos estudando.”
O estádio tem capacidade para seis mil pessoas e depois de totalmente concluído abrigará 35 mil. O campo tem 110x78m e o terreno ocupa uma área de 70 mil metros quadrados. O presidente garante que o sistema de iluminação é o melhor do Rio e o estádio é o mais moderno do Estado. “Construímos vestiários até para os gandulas e para a Polícia Militar.”
Até agora foram gastos US$ 12 milhões (“pagos com o nosso dinheiro”) e serão necessários mais US$ 25 milhões para a conclusão das obras. O dinheiro para o novo estádio saiu da venda do antigo campo, o Andaraí – hoje Shopping Iguatemi –, do qual o clube tem 3,5% de participação recebendo cerca de R$ 20 mil por mês. O patrimônio do clube, avaliado em R$ 70 milhões, é fiscalizado por Baptista, que, de tão apaixonado pelo clube, resolveu morar em frente.
Fonte: Estadão.

------------------------------------------------------------------------------------
Presidente do América-RJ acusa dirigentes de autoritarismo
21h21 - 18/02/99

Sport Press
No Rio de Janeiro

O América-RJ aguarda ansiosamente o julgamento do mandado de garantia na Justiça Desportiva, que acontecerá no próximo dia 23, tentando sua inclusão no Campeonato Estadual do Rio de Janeiro, sem a participação na fase seletiva. Enquanto a decisão não acontece, o presidente do tradicional clube carioca, Seraphim Baptista, aproveitou o episódio do duplo W.O., aplicado a Vasco e Fluminense no Torneio Rio-São Paulo, na última quarta-feira, para continuar a reclamar da falta de organização da Federação, a qual é filiado.
"Mais uma vez podemos ter uma prova do autoritarismo que toma conta do futebol carioca com a dupla Eurico Miranda e Eduardo Viana (vice-presidente de futebol do Vasco e presidente da FERJ). É um desrespeito com os outros clubes que disputam a competição", acusou o presidente do América.
Segundo Seraphim Batista, o Vasco é sempre beneficiado pelas decisões da Federação do Rio e aproveita para acusar Caixa d'Água de ser refém de Eurico Miranda.
O presidente americano acredita em uma solução favorável ao Fluminense. Ele só lamenta o fato de seu time não ter o mesmo prestígio do clube das Laranjeiras.
"O Fluminense não pode ser prejudicado pelas decisões do Vasco e da Federação. Os dirigentes do clube teriam que ser ouvidos sobre a mudança do local do jogo. Isto já aconteceu com o América, mas nós não temos força política", afirmou Seraphim.
Na sua luta para conseguir um lugar entre os grandes do futebol carioca, o América só contou com o apoio da Cabofriense, que também não concorda com a seletiva, já que foi a campeã da segunda divisão no ano passado.
De acordo com o supervisor de futebol do clube de Cabo Frio, Carlos Alberto Galvão, o Catuca, o duplo W.O. foi mais um episódio vergonhoso para o futebol do Rio.
Tanto o América quanto a Cabofriense estão sendo representados pelo advogado Valled Perry, que defenderá os direitos dos dois clubes no julgamento do próximo dia 23.
---------------------------------------------------------------------------
ELEIÇÕES NO AMERICA
SERAPHIM BAPTISTA x  HÉLIO GALDIO, apoiado por Giulitte Coutinho

O América do Rio elege terça-feira (05/11) o novo presidente em clima acirrado.
Fonte: Diário do Grande ABC
O candidato da oposiçao, Hélio Gáudio, tem o apoio do ex-presidente do clube e da Confederaçao Brasileira de Futebol (CBF), Giulite Coutinho, para tentar derrotar Seraphim Batista, que tenta a reeleiçao. Gaúdio quer incluir o América no Torneio Rio-Sao Paulo e é favorável também a inclusao da Portuguesa na competiçao.
Ele diz contar com o aval da Federaçao de Futebol do Rio para a efetivaçao de mais dois clubes no torneio e já anunciou o representante do América na CBF, se for eleito: será Paulinho Figueiredo, filho do ex-presidente do Brasil Joao Baptista Figueiredo


----------------------------------------------------------------------------------------------------------
AMERICA
Decadência
3. Estrago, corrupção
Fonte: Folha de São Paulo - 17/10/1999
Com a fina ironia que lhe era peculiar, Lamartine Babo, americano roxo, autor do hino do clube, não perdoaria. Seu glorioso América, "campeão de 13, 16 e 22", está de doer, um prato cheio para as piadas impagáveis que o compositor gostava de cunhar.
Excluído do último Estadual do Rio por ter se recusado a disputar uma seletiva, alijado da terceira divisão do Brasileiro (a federação indicou o Bangu), o clube da Tijuca não é nem a sombra da potência que rivalizava com Fluminense, Flamengo, Vasco e Botafogo até meados dos anos 70.
Disputa hoje a Copa Rio, torneio-tampão entre os "pequenos" do Estado. Os jogadores não recebem salários há seis meses e chegaram a fazer uma greve de duas semanas no mês passado.
Construiu um estádio em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, projetado para 35 mil pessoas, mas que, tendo o dinheiro acabado, parou nos 6.000 lugares.Pior: o estádio está pronto desde agosto, mas não pôde ser inaugurado. Por dívidas de IPTU, o habite-se (documento de regularização do imóvel) não foi tirado, e, além disso, o Corpo de Bombeiros vetou a obra, que precisa de reparos para se adequar às normas de segurança.Em meio a tantos problemas, o clube se afoga em disputas políticas e acusações de corrupção.Após terminar seu mandato, o penúltimo presidente, Francisco Cantisano, foi expulso do Conselho Deliberativo, acusado de ter desviado recursos. Ele nega e obteve uma liminar na Justiça que o permitiu voltar ao órgão.As últimas eleições ocorreram sob intensa troca de farpas entre o vencedor, o oposicionista Hélio Gáudio, e o perdedor, Seraphim Baptista, que tentava a reeleição e, um dia após a derrota, renunciou aos últimos meses de gestão.
O novo presidente diz que o clube se abrirá a investidores, mas descarta co-gestão no futebol.
Gáudio tem o apoio de Giulite Coutinho, ex-presidente da CBF, eminência parda do clube e diretor da comissão responsável pela construção do estádio -que acabou sendo batizado com o seu nome. A homenagem, aprovada pelo Conselho Deliberativo, está sendo contestada na Justiça por um conselheiro, sob a alegação de que fere o estatuto do clube.
Ironicamente, a perda do seu primeiro estádio, na Tijuca, demolido para a construção de uma nova sede, a partir de 1975, é apontada por muitos americanos como um dos motivos da derrocada. "Um clube sem um estádio é como você ficar sem a sua própria casa", afirma Giulite."O América era o clube do bairro. Quando o estádio saiu e (o espaço) virou só clube social, o novo tijucano não encontrou um time de futebol para se identificar. Eu mesmo, quando fui morar na Tijuca, era Fluminense, mas, vendo os treinos, encontrando os jogadores na rua, mudei para o América", completa o jornalista José Trajano, diretor de esportes da ESPN Brasil. "Na hora em que arrancaram a raiz do futebol na Tijuca", prossegue Trajano, "o clube virou essa coisa (impessoal) que viraram os cinemas de hoje."Mas há também a corrente dos que vêem em "injustiças" cometidas contra o clube a causa maior do declínio americano.Nesse grupo está Margaret May Dawes, idade não revelada, torcedora fanática, ex-nadadora, ex-diretora e hoje assistente do departamento de futebol do clube."Começamos a cair quando a CBF e a federação começaram a nos discriminar. Em 86, fomos terceiro no Brasileiro e mesmo assim nos colocaram no Módulo Amarelo em 87 (quando houve um racha entre o Clube dos 13 e a CBF, com o Brasileiro sendo dividido em dois módulos)", reclama.A referência é à mais importante participação do clube no Brasileiro. Em 86, o time foi à semifinal, quando perdeu para o São Paulo."O América não aceita tudo que está aí. Briga contra as injustiças, tem uma postura digna, e por isso é discriminado", diz Margarete, que garante nunca ter passado um ano sem ver o América jogar."Este ano, só fui num amistoso contra o Cabofriense, mas é porque o time estava parado. Ganhando ou perdendo, eu quero é ver o América. A pior coisa do mundo para um torcedor é não ver o seu time jogando."Se a atividade tem sido pouca, os títulos já vão longe.O mais recente, tido por alguns americanos como uma conquista menor, foi o da Taça dos Campeões (criada para ocupar o período de inatividade durante a Co pa de Mundo de 1982). Foi um dos últimos times competitivos de um clube que já teve craques como os zagueiros Djalma Dias e Leônidas, o atacante Luizinho e o meia Edu que, para muitos torcedores, jogava melhor do que seu irmão mais famoso, Zico.O patrimônio do América hoje, avaliado pelo último presidente em cerca R$ 70 milhões, reúne a sede na Tijuca, uma subsede em Madureira, um sítio-concentração no km 18 da rodovia Rio-Petrópolis e o novo estádio, que custou R$ 12 milhões.O clube tem ainda 3,59% das ações de um shopping center no Andaraí, no local onde ficava o último estádio. De imponente, restou somente a sede na Tijuca, ainda assim com aspecto decadente.O clube, que já chegou a ter 40 mil sócios, hoje tem apenas 8.000, dos quais apenas mil estão com o pagamento em dia. Pouca gente para frequentar o parque aquático com piscina olímpica, o restaurante, a boate, o enorme salão de festas ou mesmo o teatro que leva o nome de Lamartine Babo."O associado sumiu. Aos domingos, éramos 12 garçons. Sobraram dois, às vezes um só. Atendíamos 800 pessoas, hoje atendemos umas 13. Antigamente eu fazia as minhas unhas, direitinho. Hoje também sou faxineiro, limpo vidro, tudo. Tenho que fazer, para não ir para a rua", lamenta o garçom Lourival Ferreira de Oliveira, 59, torcedor do Fluminense, mas, como muitos, simpatizante do América."Não sei qual dos dois (Fluminense ou América) é pior hoje. Acho que é igual." (FV)

--------------------------------------------------------------------------------------

Um comentário: