sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

America campeão do Torneio dos Campeões de 1982

COPA DO CAMPEÕES DE 1982  - TITULO NACIONAL
Promovida pela CBF reunindo todos os clubes que haviam participado de alguma final de competição nacional, ou seja, brasileiro ou torneio Rio-São Paulo, o AMERICA foi convidado a participar como o 18º com mais participações em torneios nacionais e venceu a competição de maneira invicta. ( FONTE LUIZ EDUARDO LUCENA GURGEL E WWW.CAMPEOESDOFUTEBOL.COM.BR) :
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No ano de 1982, o tradicional e simpático America do Rio de Janeiro conquistava um dos títulos mais importantes e expressivos de sua História, e que também marcou o início de seu último grande período entre as principais forças do futebol brasileiro, em meados dos anos 80. A Taça (ou Torneio) dos Campeões, organizada pela CBF, foi conquistada de forma invicta no dia 12 de junho de 1982, após dez jogos, quatro vitórias – incluindo os 2 a 1 sobre o Guarani na decisão – e seis empates.
O INÍCIO
Depois de um melancólico 1981, no qual o melhor momento da equipe veio com um vice-campeonato da Taça Guanabara (muito mais pelos tropeços dos outros grandes do que por resultados próprios consistentes), o clube rubro adentrou o ano seguinte cheio de novidades. Apesar de começar a temporada disputando a Taça de Prata (como era chamada a segundona do Brasileiro na época), o clube presidido pelo recém-empossado Lúcio Lacombe decidiu investir pesado. O objetivo era claro: conquistar uma das vagas de acesso à Taça de Ouro durante a competição, como era previsto no regulamento, e partir para alçar voos maiores.
O TIME SE REFORÇA PARA O CAMPEONATO BRASILEIRO
Foram gastos mais de 100 milhões de cruzeiros – uma fortuna para a época, e mais do que gastou a maioria dos clubes da primeira divisão – na contratação de jogadores. Na primeira leva, chegaram do futebol paulista os laterais Chiquinho (Guarani) e Aírton (São Paulo), o zagueiro Duílio (Portuguesa), o volante Pires (do Palmeiras, que veio em definitivo depois de já ter defendido o America por empréstimo em 81) e o meia Elói (Santos). Do rival Fluminense veio o meia Gilberto, um dos destaques na campanha tricolor do título carioca de 1980. Por último, veio o ponta-esquerda Gilson “Gênio”, ex-Flu, mas que estava no Bahia, e veio trocado por três jogadores.
Para comandar o time, outro nome ligado ao futebol paulista: o ex-volante palmeirense Dudu, que fez dupla com Ademir da Guia na Academia do Palestra nos anos 60. Além dos reforços, o treinador (tio de Dorival Júnior) completou a equipe com remanescentes do ano anterior – o goleiro Ernâni, o zagueiro Heraldo, o meia João Luis e o ponta Serginho, entre outros) -, além de uma promessa de apenas 20 anos puxada dos juvenis: o meia-atacante Moreno.
Com esse elenco, o America obteve sem maiores dificuldades o acesso para a Taça de Ouro, competição na qual entrou na segunda fase, num grupo razoavelmente tranquilo: completavam a chave o Vasco, já velho conhecido do Estadual; o bom time do Operário-MS, bem armado e sempre regular;  e o Internacional de Santa Maria (RS), forte em casa, mas bastante frágil fora de seus domínios. Os dois primeiros se classificavam para as oitavas de final… mas o time do Andaraí repetiu sua sina de morrer na praia. Na última rodada, recebeu, precisando apenas do empate, os sul-matogrossenses em São Januário. E perdeu por 1 a 0, gol de Arturzinho.
A TAÇA DOS CAMPEÕES
Melhor sorte, no entanto, aguardava o America após o fim daquele Brasileirão. No período de recesso entre o fim da competição nacional e o início da Copa do Mundo da Espanha, a CBF – então presidida pelo torcedor e ex-mandatário do próprio America Giulite Coutinho –  organizou um torneio para manter os times em atividade. Reuniu 17 clubes que haviam conquistado algum torneio nacional ou interestadual de caráter oficial, mais o America, que entrou como convidado. Com a desistência do Flamengo, que acabara de levantar o Brasileiro e preferia excursionar pelo Nordeste, o Santa Cruz foi incluído.
Pensado como um torneio de curta duração, a Taça dividia os 18 clubes em quatro grupos, dois deles com cinco equipes e outros dois com quatro. No A, estavam Vasco, Botafogo, São Paulo, Santos e Guarani. No B, ficaram Fluminense, Corinthians, Palmeiras, Portuguesa e Santa Cruz. O America foi incluído no C, ao lado dos mineiros Atlético e Cruzeiro e do Grêmio. Enquanto o D era formado por Internacional, Bahia, Náutico e Fortaleza. Os times jogavam em turno e returno, e cada um dos períodos apontava um vencedor da chave. E os dois campeões se enfrentariam numa “decisão do grupo” (exceto no caso de um mesmo time levar turno e returno), antes da semifinal (em jogo único) e da finalíssima, em ida e volta.

A CAMPANHA:
24/04-CRUZEIRO 1X1 AMERICA
01/05- AMERICA 1 X 1 GRÊMIO
09/05- ATLETICO MG 0 X 1 AMERICA
16/05- AMERICA 1 X 0 CRUZEIRO
22/05- GRÊMIO 0 X 0 AMERICA
29/05- AMERICA 0 X 0 GRÊMIO
02/06- AMERICA 1 X 0 ATLETICO MG

SEMI- FINAL
06/06- PORTUGUESA-SP 1 X 1 AMERICA (3 X 4 PENALTIS)

FINAIS
10/06- GUARANI 1 X 1 AMERICA
12/06- AMERICA 2 X 1 GUARANI

O time rubro estreou no dia 24 de abril, empatando com o Cruzeiro em 1 a 1 no Mineirão. Depois de os mineiros abrirem o placar, Duílio converteu pênalti sofrido por Gilberto e igualou. O jogo seguinte seria no Maracanã, contra o Grêmio, e novamente o America saiu atrás: Renato Gaúcho cobrou escanteio na cabeça de Paulinho, e o tricolor gaúcho abriu o marcador. Mas na etapa final Duílio, novamente, empatou, após linda jogada de Elói. Em 9 de maio, o Mequinha voltou a Belo Horizonte para enfrentar o Galo de Nelinho e do técnico Carlos Alberto Silva, que jogava pelo empate para levar o primeiro turno. Os cariocas resistiram à pressão do alvinegro, até João Luis achar Elói livre no meio da defesa do Atlético para marcar o gol da vitória a seis minutos do fim.
Conquistado o primeiro turno, o America esteve bem perto de levar também o segundo: venceu o Cruzeiro por 1 a 0 em São Januário (gol de Serginho), segurou um 0 a 0 com o Grêmio vice-campeão brasileiro no Olímpico, e vencia o Atlético-MG no Maracanã por 1 a 0 até a metade da etapa final. Mas Duílio falhou feio, e Reinaldo aproveitou a bobeada para empatar. Com o resultado, Galo e Diabo terminaram iguais em pontos e saldo de gols – mas com vantagem de apenas um gol para os mineiros nos tentos marcados.
Como consolo, restou a vantagem de decidir o grupo C em casa, outra vez diante do Atlético-MG. E foi uma decisão dramática: só aos 44 minutos do segundo tempo Elói marcou após bate-rebate na área e evitou a prorrogação. Nos outros grupos, os grandes também não se deram bem: no A, o Guarani eliminou o São Paulo em pleno Morumbi (como já havia feito meses antes nas quartas do Brasileiro); a Portuguesa passou com facilidade por um fraco Fluminense; e o Bahia derrubou o Internacional. Mas engana-se quem pensa que o caminho do America estaria mais tranquilo.
A ÉPICA SEMIFINAL CONTRA A PORTUGUESA
Coube ao time rubro encarar a Portuguesa em partida única no Pacaembu. Invicta no torneio, assim como o America, a Lusa foi logo para cima, mas quem marcou primeiro foi o time carioca, aos sete minutos: Serginho disputou a jogada pelo alto com Estevam, e o zagueirão acabou empurrando contra as próprias redes. O empate dos paulistas não tardaria, porém: aos 10, após cobrança de falta na ponta direita, Humberto desviou de cabeça para o gol.  Para piorar, aos 30 minutos da etapa inicial, o lateral-esquerdo Aírton seria expulso, deixando o America com dez.
Seguriam-se mais 80 minutos de tensão, sem gols, e que levariam ao tempo extra. Na prorrogação, a quatro minutos do fim, a Portuguesa voltaria a marcar: após troca de passes, Wilson Carrasco bateu forte da intermediária, a bola resvalou em Everaldo e rolou devagar até morrer mansa perto da trave direita. O America, traído pela sorte de novo? Desta vez, não mesmo. No último minuto, um escanteio para o Diabo. Serginho levantou a bola até o meio da área, onde ela encontrou a cabeça do grandalhão Zedílson, jovem zagueiro que entrara no intervalo do tempo normal, para atuar de improviso na lateral, no lugar do expulso Aírton. Vamos para os pênaltis!
A Portuguesa bateu primeiro e converteu com Alves. o America empatou com Duílio. Wilson Carrasco deixou a Lusa de novo na frente, mas Elói empatou outra vez. Na terceira cobrança paulista, o ponta Toquinho bateu e o goleiro Gasperim – contratado junto ao Internacional durante a competição para assumir a camisa 1 – saltou para defender. Foi a vez de os cariocas passarem à frente com o gol de Moreno. Caio ainda igualou, mas Serginho manteve a vantagem americana. E a classificação veio na quinta cobrança da Portuguesa, quando o lateral Odirlei acertou o travessão. O America era finalista!
NA DECISÃO, O BUGRE
O adversário seria o Guarani , que havia brilhado no último Brasileiro até cair nas semifinais diante do Flamengo de Zico. Se não contava com o goleador Careca, às voltas com uma lesão que o tirou da Copa da Espanha, o time campineiro teria em campo os experientes Jorge Mendonça e Lúcio, o volante Henrique (futuro Vasco) e o zagueirão Júlio César, que jogaria o Mundial de 86, no México. E foi outra promessa daquele time, o atacante Marcelo (que depois defenderia Vasco e Internacional), quem abriu o marcador do primeiro jogo da final, no Brinco de Ouro, aos 11 minutos da etapa final. Mas Elói empataria aos 26, para a alegria americana.
Na volta, no Maracanã, num sábado chuvoso, 12 de junho de 1982, foi o America quem saiu na frente: Moreno pegou a sobra de um bate-rebate na área e teve tempo de dominar e tocar no canto do goleiro Sidmar, logo aos 13 minutos. Mas aos 17 da etapa final, o Guarani empatou: o reserva Delém recebeu de Ernani Banana, após uma bola mal espanada pela defesa americana e bateu forte para vencer Gasperim. Outra prorrogação aguardava o torcedor do Diabo
E até o gol da vitória do America teve ares dramáticos: aos nove minutos do segundo tempo, João Luis chutou, a bola espirrou em um zagueiro e caiu nos pés de Gilson Gênio. O ponta pegou de primeira, batendo rasteiro, mas com força, sem chances para Sidmar, que ainda tentou espalmar a bola. A pequena (11.329 pagantes), mas vibrante torcida americana comemorou como nunca.
Não houve tempo para reação do Guarani. O capitão Elói levantou a taça, e o America iniciava ali sua última grande fase, que duraria mais quatro ou cinco anos, com boas campanhas no Estadual (ganharia a Taça Rio, segundo turno do Carioca, naquele mesmo ano) e no Brasileiro, vitórias históricas sobre os principais clubes do país e até a conquista de título no exterior. Mas isso já é assunto para um próximo post no Memória da Bola.
FICHA DA FINAL
AMÉRICA 2 x 1 GUARANI
Maracanã (Rio de Janeiro) – sábado, 12 de junho de 1982
Público/Renda: 11.329 pagantes / Cr$ 5.099.600,00
Árbitro: Carlos Rosa Martins (RS)
Gols: Moreno, 13′/1ºT (1-0); Delém, 17′/2ºT (1-1); Gilson Gênio, 9′/2ºT da prorrogação.
Cartões amarelos: João Luis, Chiquinho, Gilson (America); Sóter, Ernani Banana, Odair (Guarani).
Cartão vermelho: Darci (Guarani), 10′/2ºT da prorrogação.
AMERICA: Gasperim; Chiquinho, Duílio, Everaldo e Zedílson (Sérgio Pinto); Pires, Gilberto e Elói (João Luís); Serginho, Moreno e Gilson Gênio. Técnico: Dudu.
GUARANI: Sidmar; Sóter, Darci, Odair e Almeida; Éderson, Júlio César (Henrique) e Jorge Mendonça; João Luís (Delém), Marcelo e Ernani Banana. Técnico: Zé Duarte





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