sexta-feira, 13 de novembro de 2015

COM DISCURSO CONTRA EMPRESÁRIOS E ALIANÇA COM ROMÁRIO, PRESIDENTE DO AMERICA SONHA REVITALIZAR CLUBE, DE VOLTA À ELITE DO RIO

Fonte: EXTRA on line
As paredes do escritório do tabelião Leo Almada mostram bem o que ocupa a maior parte de sua vida. De um lado, homenagens recebidas pelo seu trabalho como presidente do Instituto de Estudos de Protesto de Títulos do Brasil. Do outro, fotos e quadros do America, clube presidido por ele desde janeiro de 2014 e que está de volta à primeira divisão do Rio após cinco anos na Série B.
— Hoje, o America ocupa dois terços da minha vida — reconhece Almada, 77 anos.
A família, se não ocupa tanto espaço, ao menos ganhou um lugar especial. As fotos das filhas e dos netos decoram o móvel principal da sala, que, no entanto, não possui registros das mulheres — seja da atual, Ada, com quem é casado há dois anos, ou das ex-esposas, Elenice e Gláucia, mães de suas filhas.
Seu relacionamento mais duradouro é com o America. Um amor que surgiu ainda na infância e evoluiu ao longo dos anos, com direito a passagens pela diretoria — foi diretor de futebol em 1977 e 1978 e vice de futebol em 1982, 1983 e 1984.
A presidência é o ponto alto da relação. Mas que só surgiu por acaso. Aos 75 anos, Almada não acreditava que a vida pudesse lhe dar novos desafios. As filhas já haviam construído família. Ele já estava recuperado da morte trágica de sua segunda mulher Gláucia, vítima de um acidente doméstico, e havia novamente casado. Tudo parecia calmo, até um grupo de americanos o pedir para assumir o clube.
— O presidente da época (Vinícius Cordeiro) renunciou com menos de dois terços do mandato. Pelo estatuto, deveria haver nova eleição. Não queria assumir, mas me prometeram que seria um mandato tampão e que o Romário viria em seguida.
Almada venceu o pleito. Mas, na eleição seguinte, Romário deu para trás. Vitorioso na disputa pelo Senado, o Baixinho viu que seu caminho na política era promissor. E deixou a promessa de que, daqui a três anos, sairá candidato no clube.
— Por isso que torço para esse negócio de ele ser candidato a prefeito não vingar — brinca.

Almada é erguido pelos jogadores após a conquista da Série B do Rio
Almada é erguido pelos jogadores após a conquista da Série B do Rio Foto: Rafael Moraes / Agência O Globo / 25.07.15
Ao lado do grupo que lhe pediu para assumir, Almada injeta dinheiro do próprio bolso para pagar as despesas do clube. Só a folha salarial do time, segundo ele, custa R$ 107 mil mensais. Nem por isso, no entanto, ele se acha no direito de invadir o dia a dia do futebol.
— Em toda a Série B, só fui três vezes ao vestiário em dia de jogo.
Planos: shopping e nova peneira
Planos para o futuro do America não faltam. Ainda neste ano, Almada quer dar início ao projeto da nova sede. Uma concorrência vai definir a empresa que erguerá um shopping na Rua Campos Salles, na Tijuca, e construirá as novas instalações sociais. Ela deverá quitar a dívida do clube, orçada em R$ 60 milhões; e destinar uma porcentagem da arrecadação do shopping para o clube.
— Tenho certeza que as licenças irão sair em breve. O Romário está me ajudando nos contatos políticos.
No futebol, o técnico Ricardo Cruz e o auxiliar Nelson Rodrigues já tiveram os vínculos prorrogados para a Copa Rio, no segundo semestre; e a Série A, em 2016. Para a formação do novo elenco, ele quer repetir a fórmula adotada na Série B: a peneira com jogadores sem empresários.
— Não tenho nada contra empresários, mas não quero nenhum perturbando meu treinador para escalar seus jogadores — diz Almada, mostrando um purismo de sucesso incerto na dura realidade da Série A.

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